terça-feira, 4 de outubro de 2011

O CRENTE "SEM SAL"

Mateus 5:13 Vós sois o sal da terra; ora, se o sal vier a ser insípido, como lhe restaurar o sabor? Para nada mais presta senão para, lançado fora, ser pisado pelos homens.
Em minha terra natal a expressão ¨sem sal¨ se aplicava àquela pessoa que nos parecia ser fria, sem emoção, seco ou sem graça. Em outras palavras, um chato. Esta leitura, sabemos, é resultado de nossa cosmovisão definida por nossa herança cultural.  Em função disto, entendemos,  que não podemos nos comportar como maquinas, é preciso colocar uma pitada de emoção em tudo que fazemos; de outra forma, o que conta não é somente o fazer, mas o como fazer.  Quando Jesus nos compara ao Sal imediatamente evocamos a propriedade preservativa que o sal tem capaz de conservar alimentos, como referencia para entendermos nosso papel de cristãos no mundo em que vivemos. Todavia precisamos discernir aqui outra função do sal, o que lhe torna importante na gastronomia desde a mais simples a mais sofisticada, que é sua capacidade de dar sabor aos alimentos. O Sal tem sabor, por isso influencia no gosto da comida que ingerimos. Jesus porém adverte que se o sal perder o sabor para mais nada presta a não ser para ser pisado pelos homens. A condição de ser pisado pelos homens indica o pior estado de perda de valor que algo ou alguém poderia chegar. O cristianismo verdadeiro em expressão dá sabor a vida, sentido e significado independente da cultura, do contexto social ou da classe econômica. Isto porque a vida cristã tem sabor. É difícil pensar em Jesus enquanto no tempo de sua vida terrena sem perceber que sua humanidade interagia com o mundo natural, demonstrando uma sensibilidade perceptiva e tremendamente aguçada para com o que a vida tem de melhor: O nascer do sol, as noites iluminadas, os pássaros, as árvore frutíferas, as aguas correntes do Rio, a praia do mar da Galileia, as crianças, a companhia das pessoas, as caminhadas, o aconchego de um lar, uma boa festa, um delicioso banquete; em fim, Jesus observou, experimentou e valorizou tudo isto, tudo que o homem moderno perdeu e hoje tenta recuperar. A vida de Jesus tinha sabor. Nossa humanidade não deve ser sacrificada em função do espiritual, pois é na esfera da humanidade que o espiritual ganha sabor ao paladar dos homens. Como o sal não pode ser aplicado em demasia no alimento, assim também deve haver um perfeito equilíbrio entre nossa humanidade e espiritualidade. Se investirmos em demasia em satisfazer nossos predicados naturais corremos o risco de nos tornarmos carnais, se o contrário, podemos ser adjetivados de super santos. Assim, é preciso conservar o sabor, pois para ganhar pessoas humanas devemos aborda-las como humanos e foi exatamente por isso que Jesus se fez homem.
Bispo Roberto Amaral